Às vezes nós guardamos coisas velhas, nos apegamos a velhos cacarecos e achamos que são tesouros. Assim também fazemos com as pessoas. Às vezes nos apegamos a alguém por simples necessidade de nos sentirmos 'cheios', completos. Como dizia 'Nietzche', tem gente que gosta mais do fato de gostar de determinada pessoa, do que realmente daquela pessoa. Temos um sentimento de posse: inutilizamos os sentimentos daquele ser e nos entitulamos senhores dessa região. Montamos Prefeitura e achamos que somos os prefeitos desse local. Doce ilusão!
Há quem se perde na vida justamente por deixar a porta aberta, para que qualquer um entre e retire os moveis do lugar, monte como bem entende e depois saia! Ora, a culpa é do ladrão que entrou ou do dono desleixado que permitiu isso, não trancando devidamente a porta? Isso não quer dizer que devemos cercar muros, paredes e portas com correntes, pois assim nos tornaremos cativos da própria prisão, mas sim, que possivelmente uma cautela quanto a entrada e saida é necessária. Temos que nos guardar do outro, não como ostras, mas como um caracol. Para quem conhece esse belíssimo opositor dos artrópodes, ele não se tranca em si. Na verdade, ele se defende, escondendo seu corpo mole e sem proteção dentro da proteção dura e calcária. Quando se sente seguro, sai novamente, deixando a porta aberta. E por que nós seres humanos nos julgamos superiores a tudo e toda a raça de vida e não aprendemos com eles?
Quando damos o cargo de prefeito de nossa vida para outra pessoa e não para nós mesmos, perdemos o chão, as palavras, andamos tristes pela sala.
E parafraseando ainda a Calcanhoto, digo que só vale a pena deixar a porta aberta quando não for você que morar no outro.
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