segunda-feira, 16 de julho de 2012

Apressa-te, e ama!


  Quando Nietzche vingou a frase sobre o abismo, certamente não contava com a astúcia da mesma para embaralhar mais ainda o entendimento da coisa toda. Não por ser de difícil acesso e compreensão, mas por desconsiderar que o abismo por si só, é um convite ao salto.
 O que quero dizer com isso? Nada mais nada menos que o infortúnio das dificuldades é fielmente aceito por nós, quando estamos diante da escolha entre o peremptório 'easy' e o fatídico 'complicado. É do ser humano, superar-se, provar-se o tempo todo. Das verdades da vida, nenhuma sobrepõe o fato de que nós, seres pensantes, somos desejosos das matérias com caráter impossível, e taí o Futebol pra exemplificar a tese. Nenhum time quer chegar a final de campeonato e vencer um IBIS da vida. Queremos sempre atestar.
 No mais, somos todos saudosistas, porém, não temos tempo para conquistas indeléveis. Numa época onde o fast food é mais uma religião do que serviço delivery alimentício, os amores que a gente ama têm esse sabor intrínseco da pressa, do 'conhecer pouco' e 'lamber muito', sem a vocação para a eternidade. Desafio um casal moderno a chegar a época das fraldas geriátricas e os diálogos  cheios de aparelhos auditivos. Não sinto mais a característica do 'na pobreza e na velhice' posto que tudo se resume ao que for fácil, belo, simples e sem dilemas. Recentemente vivenciei um amor fadado pelas minhas dificuldades e fico pensando se essa criatura vai terminar um namoro a cada problema de suas subsequentes companheiras. Isso prova que as pessoas não estão prontas para as dificuldades e enquanto a coisa toda tiver cheiro de terra fresca, 'ao teu lado estarei'.
 Tenho verificado que nessa esfera, as pessoas não se buscam mais conhecer, e sim, saciar seus anseios e necessidades depositando nas outras, a surrealidade da paixão, do desejo e do encontro. Ora, ninguém é interessante eternamente, posto que o cotidiano é fatídico dentro das relações sociais, mas isso não significa que as relações estejam fadadas à rotina, posto que o amor é acostumar-se com o novo, de novo. É acordar ao lado daquela pessoa mas sempre buscar algum novo motivo para doar a melhor metade, mesmo com os roncos da noite passada. Fico impressionada com a quantidade de mulheres que reclamam da frieza de seus namorados e maridos e esquecem que, por vez ou outra, é responsável por 50% do tal 'chama acesa'. Amar ainda é dar sua melhor metade.
 E se nada disso servir para que num futuro próximo, as pessoas se busquem e não se encontrem em absoluto, reservando sempre um espaço para descoberta e entendendo que o amor não é pra sempre um caminho de terra fértil, espero que saibamos gerir nossas vidas sentimentais sem nos pressionarmos tanto nessa inconstante busca pelo eterno, sem querer de fato, ficar ali para sempre!