terça-feira, 30 de agosto de 2011

"A culpa é da Madonna, não minha!"



  A perspectiva humana diante dos impasses é sempre a mesma: resolução. Ninguém quer dar aos seus dilemas, a chance de serem desfeitos mediante o passar do tempo. Todo mundo quer resolver o que lhe pertuba e tira o sono, ou até mesmo casos pequenos e isolados.
  Não acho que o fato seja específico dos problemas matemáticos, físicos ou políticos. Há uma incrível desconsideração na sociedade atual que não permite as pessoas, a capacidade de criar novamente, o que quer que tenha sido destruido. A tirar os japoneses, o resto da massa humana é incapaz de começar do zero o que por ventura tenha sido posto abaixo, e não me refiro somente aos imbróglios naturais.
  É comum a cena onde pessoas se cruzam, mas não em interesses. É comum vermos sociedades sendo desfeitas por interesses egoistas e individuais que não evoluem o ser, como deveria. O mais sensato é, por diversas vezes, confundido com 'o mais fraco' dos cognicíveis atos de maturidade e isso é corriqueiramente provado.
  Vivemos a cultura da praticidade. Queremos um amor moderno, um conto de fadas às avessas, sem dragões alados ou batalhas homéricas: queremos o status do Orkut e Facebook, a frase na mensagem pessoal do msn e o isolamento social. O fast food se tornou um advérbio, de uma nova categoria sintáxica e ortográfica: facilidade.
   "Amizade? Não, eu  ja tenho quem me indique, obrigada!" - Os valores foram cada vez mais descartados e as relações hoje, dentro de casa, são horizontais. Nada de respeito ao outro, ao próximo e à "si próprio". O trampulim social não é mais coisa de novela e aquelas situações escandalosas dos filmes já não nos assustam mais.
   O que fazer ante isso? Por onde começar a corrigir um erro de no mínimo dez anos, que parece querer espaço na eternidade da juventude, essa que cada vez, se forma mais e mais dentro do vaziismo? Por onde dizer não e por onde abrir o sim?  Como parar de usar a desculpa da contrapartida, para justificar o que de fato, nunca se teve? 
  Caráter nunca foi tão inerente como agora..

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Qual a cor das cores?


  Meu coração é um paradoxo. Não consigo curá-lo dessa predileção pela solidão e ao mesmo tempo não desacostuma dessa arte de gostar de se sentir preenchido. Até entendê-lo, estarei velha!
  Nelson Rodrigues dizia que a solidão nascia do convívío com o outro e eu cá dou razão a ele. Nunca no mundo tão abarrotado de cristãos, islâmicos, judeus e ateus, nós estamos tão sozinhos como hoje. Nunca estar ao lado de alguém significou estar sozinha, como agora. Sinto a vaga latente, um contentamento descontente, até chegar do outro lado do coração. Às vezes acho que isso se dá por conta da eterna insatisfação do ser humano, o que de certa forma nos impulsiona a mudar, evoluir. Às vezes, acho que é por pura exigência. Acabo querendo e achando que o outro vai me impressionar a medida em que eu queimo e isso não está correto. A primeira regra de amar implica na falta de espera, a considerar que o amor é livre, e gratuito. 
  Sendo assim, da onde vem a falta? Onde ela se esconde?
  Talvez no pequeno pedaço onde a gente não consegue olhar, por mais próximo que esteja: a alma!
   É lá que escondemos todos os anseios e angustias que se mal administrados forem, acabam ocasionando uma vida de eterna espera.
  E esperar o que, pra que?  A vida infelizmente não toca conforme a nossa música e em muitos casos, o inesperado é o melhor a ser estimado. Não sei o que, ao longo dos meus últimos dias, aconteceu! O que eu sei é que essa agonia não passa, e a considerar a minha pressa por viver, vejo que venho queimando um arco-iris por dia, só pra tentar conseguir ver a cor das cores!