terça-feira, 29 de setembro de 2020

Nunca se sabe qual o defeito que sustenta o edifício inteiro

 Essa vida tacanha de nada me interessa. Gente que se apequena diante das profusões dispostas à mesa, como se naufragasse num mar de desatino que impede ver o agora e o que por ventura se pode viver daqui até o infinito com bastante certezas.

É que há muitos sinto ojeriza, ora da forma como vivem os santos, ora da maneira fria que o amor sinaliza. Pergunto aos loucos e os que se dizem sentir como poucos: onde está a infinita e tortuosa melodia? Calem para sempre essa vida medíocre que tanto gritam a plenos pulmões como se perdidos em alguma sincope acordados em ilusões. Me devolvam a esperança de dias com hiperônimo, os apólogos e quimeras que eu sinto cá dentro mas que por algum lamento se perdeu num mar de sentimentos anônimos. Podemos enfim dar inicio a vida, antes que ela dê sinais de falência e encontre seu fim, entre um gole de wisky e o jornal do meio dia?

Ode à escuridão, o adeus ao Jaggermaster e o fim de uma tortura em profusão. Bukowski é de fato, algo a servir de inspiração?

 O que sobra, entre as esperas e a escuridão que assola? O medo, a falta, o medo de sentir falta.

E esse ode ao sofrimento, com bastante desatino me lança num mar profuso de sentimento. Tenho morrido aos poucos, aos tantos, aos montes e aos cantos, e cada pedaço restante sente falta do que se perdeu empoeirado na estante.

Tenho sido vaga, folha solta, e por diversas vezes todo esse medo me denota o que me falta. Eu sou as vezes louca, um pouco intensa, e essa loucura não me basta, mas de alguma forma, me acalenta.

Queria mais que isso, queria que tivesse algum sentido bater a porta e dizer o que sinto, mas acho que não vai dar em nada. Tenho visto com algum intento, a agonia se repetir ao expoente da loucura, escrita nos muros, como se quisesse me lembrar de que na paz eu não resido, e até então não fiz morada.

E voce não me deixa em paz, me pisa e me joga no chão. E sem nenhuma pena, me rouba de mim e me prende num holocausto de emoção, sem chance alguma de anistia, ou de pedir a vida por mim perdida, meu sincero perdão.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

"Mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo"

 Tivesse tanto tempo, eu cantava mil canções. Todas numa nota a toa, nenhuma atenta aos acentos e conjunções. Quisesse eu falar em versos, toda poesia que me assola e me devolve os pedaços onde me falto, em afeto. Quem enfim saberia que essa força que eu finjo não sentir há poucos me acordou e resolveu me fazer companhia ? E essa agonia a me jogar no chão: sem dó nem piedade, apenas uma vontade de vivê-la com bastante paixão

Dissesse a verdade toda vez que vejo um não, o que restaria aqui dentro pra virar enfim essa canção? O que me rouba é o mesmo que me devolve: a incrível sensação de que sinto falta do que não digo, mas eu sinto, e isso me envolve.

Tivesse eu, coragem, te faria uma canção. Daquelas bem piegas, revestidas de coração. Mas não pense você que ela seria uma prosa e rima perdida na poesia: seria uma espécie de oração a te guardar aqui dentro, no lugar onde de todo mal a felicidade te protegeria

domingo, 20 de setembro de 2020

Mad wave, soft love

A cidade, cheia. De talvez, de saber, de tudo que a mim não vai preencher. E a leveza que eu cultivo, anda meus passos, sempre de mãos dadas, sempre de bem comigo. Meus passos de outrora, que não mais cabem no agora, cedem lugar para o que é bonito! Gosto de acreditar que o peso indelével do que nos espera, uma hora chega e a tudo reverbera, uma vez que ainda acredito no que não está em voga: tudo só brota quando é primavera. Que eu esteja onde ainda se puder sonhar o que não foi vivido. Que eu lance o olhar pra onde o mundo interior enfim alcance o infinito. E a quem isso possa interessar, onde não houver amor, não ouse vir a ter comigo.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O demônio do bem

 A nossa relação, a nossa doentia relação conosco e com o que consideramos parte de nós mesmos, a quantas anda? Esse demonio do bem que nos sorri de volta mesmo quando tudo em volta parece desmoronar.

Adoecemos os laços, os baços e os abraços cada vez mais escassos. A quantas anda a paz entre o que eu digo e com o que se acumula em meu figado? Nós parecemos alguém, vivemos como alguém, nos vestimos como alguém, mas estamos bem aquém do que poderíamos no tornar no além. Esse nosso alem, esse nosso mar, esse porto seguro que fingimos ser só pra não desmoronar, já deu sinais de que a ferrugem deu lugar à falência. É preciso se indispor do insalubre sabor, e entre o que dizemos e fazemos, não pode existir um abismo entre lamentos, mas consonância para que tudo não se destrua com o  simples soprar do vento. Esse momento é necessário: façamos do pouco que nos restou, a responsabilidade de acreditar que é possível segundas chances, renovação de promessas e o simples e vertiginoso direito de amar.

domingo, 6 de setembro de 2020

Bigger stronger

 Na grande maioria das vezes, eu me desinterpreto. Interpreto o que em mim não tem lugar, e faço de conta que sou levada - as vezes só pra ser levada em conta. Eu não sou nenhuma vela ao vento.

Talvez um salto sem paraquedas, um abismo de esperas. O tipo distônico de amores que ao menor sinal de vida, se lança de véspera. Eu não preciso dessa animosidade, nem do quarto trancado de emoções imersos em bagunça e intensidade: eu sobrevivo de quimeras. Se eu pudesse voltar no tempo, lançaria fora boa parte desse insano tormento, só pra viajar de volta pro simples, frágil e tão vago momento.

Eu não te disse nada, você quase nada soube. Eu queria ter partilhado o que naquele instante no meu olhar, não coube - ora pelo ímpeto esconderijo, ora pelo medo acostumado a viver com o que sobra, ou com o que ele de mim, roube. Eu queria ter existido em versos, não em prosa. Quisera ter sentido os olhares, em vez dos desejos vulgares. This is a crazy flipside!

Eu não preciso de nada disso, e tenho certeza que cabe menos dessa versão cá dentro desse abismo. Medo de ganhar, medo de perder. Medo de arriscar, medo de sofrer. Medo de sorrir, medo de chorar. Medo de sem mim, o mundo continuar. Daremos uma festa e dançaremos ate amanhecer, se um dia desses, o amor enfim puder dar uma segunda chance e enfim, florescer.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O que é o silêncio?

Quando o silêncio deixa de ser um vazio, tornando-se alivio. 
O mesmo silêncio que me cala, que mais uma vez tudo estraga. 
O silêncio que estraga, e que por vezes até acalma, 
é o mesmo alento que pra minha alma, falta.

Não é difícil entender - ou amar,
eu erro, eu erro, eu erro.
E insisto no que acho que mereço, 
por mais que a vida por mim não demonstre ter nenhum apreço;

Por que meu coração vive aos pedaços? 
Calado, em silencio, estragado, eu so queria entender.
Que fim levou a vida que eu pretendia um dia, viver?