quinta-feira, 24 de setembro de 2020

"Mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo"

 Tivesse tanto tempo, eu cantava mil canções. Todas numa nota a toa, nenhuma atenta aos acentos e conjunções. Quisesse eu falar em versos, toda poesia que me assola e me devolve os pedaços onde me falto, em afeto. Quem enfim saberia que essa força que eu finjo não sentir há poucos me acordou e resolveu me fazer companhia ? E essa agonia a me jogar no chão: sem dó nem piedade, apenas uma vontade de vivê-la com bastante paixão

Dissesse a verdade toda vez que vejo um não, o que restaria aqui dentro pra virar enfim essa canção? O que me rouba é o mesmo que me devolve: a incrível sensação de que sinto falta do que não digo, mas eu sinto, e isso me envolve.

Tivesse eu, coragem, te faria uma canção. Daquelas bem piegas, revestidas de coração. Mas não pense você que ela seria uma prosa e rima perdida na poesia: seria uma espécie de oração a te guardar aqui dentro, no lugar onde de todo mal a felicidade te protegeria

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