segunda-feira, 25 de abril de 2011

O conto e o ponto [final]

      E ele voltou pra casa. Sozinho, desacompanhado, mas enfim, só.  Deixou-a na estrada e correu de volta pra tranquila cidade de onde nunca deveria ter saido. Achou por certo andar ao lado dela para longe dali, depois de todo o tempo só, seria bom. E assim eles foram.
    Coração e Paixão foram felizes enquanto isso. O seu melhor amigo búfalo pedia calma, mas o coração era impacientemente ansioso por diversão longe das cercas seguras da sua pacata residência toráxica. Conheceu a Paixão numa dessas salas vazias de sentimentalidades e ali se encantou! Pelo sorriso fácil, pela pele macia e pelo jeito eloquente de ignorar a vida. A camisa rubro-negra não incomodou o coração tricolor, e ele enfim se apaixonou, de novo. A Paixão parecia se ligar, mas apenas a sua maneira enquanto o Coração a cada dia dava mais e mais sinal de que as coisas corriam depressa, mais do que o esperado.
   Não contava apenas com o fato da paixão ser poligâmica, cheia de subterfúgios e amarras. Se encantou cedo demais, e de repente a paixão não podia caminhar ao seu lado. A estrada que antes parecia pequena para tanto sonho, uma rodovia virou.

  -Não posso ir com você
  -Por que não?
  -Desculpa...

   E assim sentenciou a vida. Viu sem ver e por fim, nada viu. Ficou orgulhoso demais para tentar convencer a paixão a caminhar lado a lado e decidiu deixar pra lá o que do lado de cá já não estava mesmo. Foi embora pela estrada fria, sem agasalho, pra ver se assim sentia mais dor. Coração enfim decidiu andar sozinho, tricolormente sozinho, como sempre, amando. Mas sem aprisionar...


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os velhos olhos vermelhos voltaram...

    
   O difícil na arte do esquecimento consiste não no apagar dos souvenires, sejam eles físicos ou não. O interessante nessa matéria toda está justamente no sobreviver!
     Sobreviver as etapas que ficaram e que marcaram o coração, de alguma forma, seja lá como for. O brilho que fica, o cheiro, as cores e as situações que de certa maneira, acertaram o alvo: o nosso amor. O difícil na arte de esquecer alguém não é ignorar os lugares, músicas e comidas: é ignorar o sentido que a gente só sente quando ama. Saber que o sol brilha todo dia, mas que às vezes ele tem um brilho mais especial é diferente. Consumir uma pêra, uma maçã ou uma noite de sono só tem sabor quando não se tem dor associada. Uma fruta só é uma fruta quando estamos mal: quando estamos bem, é um pedaço de paraíso.
     Dificil sublimar a dor, as buzinas dos carros que tentam seus destinos de maneira quase animal, o chefe ao telefone e os quilos a mais! Dificil ignorar que se é infeliz por perder. Dificil engolir essa regra pronta de que é errando que se acerta...
     Impossível acreditar que algo bom ainda vá acontecer. Humanamente inexequível o otimismo, a certeza da vitória. Quando a lua parece apenas uma luz, quando o espelho só reflete um pedaço de alma sem carne, é ai que a dor atende mais forte!

    É dificil aceitar que somente o esquecimento é o sensato. Dificil crer em dias melhores, porque esses mesmos dias já foram super-estimados com alguém, com um ser como você! É quase infernal essa dor de ter que te tirar do único lugar onde você não deveria ter que sair...
   É quase impossível ter como esquecer...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Como diria um sábio assessor...


    E onde estão as regras da matemática quando precisamos subtrair uma dor, ou qualquer coisa que se assemelhe a isso? Jacques Brel diria algo do tipo "adeus, meu amigo problema", e facilmente se livraria da pena imposta àqueles que amam demais, ou alguma coisa desse porte, mas duvido que algum expert do mundo das artes e sentimentalidades consiga exprimir melhor uma fórmula para expurgar uma dor , do que um matemático!
  Como seria? Como entrar na lógica de uma coisa sem lógica? Não existe razão nos amores que a gente ama e como saber que ainda não cruzamos a linha absurdamente tênue que separa a insanidade da realidade, de fato? É dificil ter certeza de que ainda não estrapolamos esse limite e nem tente: amor e razão são antagônicos demais para coadunarem com a vida. Dizer coisas vãs e pueris talvez ajudaria a elucidar esse texto, mas nada como a realidade...

   Multiplique por -1 ! 

  Livre-se da negatividade imposta pelo fracasso multiplicando seu problema por menos um! Imponha-se a regra universal de que o amor só é bom se for doce: jamais azedo! Contente-se com a condição plena de que para ser feliz é preciso ter alguém, mas acima de tudo, ter-se! Ter-se a medida em que amar a si próprio é condição máxima para se ter alguém, porque é dando que se recebe. É dando a permissão divina de se amar e respeitar que se recebe de volta o amor de alguém. É dar-se sem medida para que nada mais se multiplique por menos um! É tendo a certeza de que o amor é tudo o que precisamos nessa vida.
 Porque a maior descoberta desse terceiro milênio será justamente o amor. Não me refiro aos amores interessados e interesseiros, mas ao amor livre e gratuito! A única coisa sublime que ainda perdura nessa terra...
  A química toda dessa teoria só acontece quando você aprende que não é a física das coisas o que realmente importa, mas sua capacidade de somar quando somente o subtrair parece confortar!

  Multiplique-se por -1 quando a coisa toda apertar. Livre-se das amarras e ame seu problema, subtraindo-o de si, como diria nando reis...
"tornar um amor real é expulsá-lo de você, para que ele possa ser de alguém..."

Vontagem!


Vontagem: do grego Vontade + Coragem.
Basta ter! Basta crer...


  Para se amar uma Vierbrunen não há mistérios nem segredos: apenas lampejos do que venha ser o amor. Não precisa ter boa coisa, só precisa ter um bom direcionamento para as coisas boas. Não há de ser católico, muito menos protestante... Tem se fazer presente, e principalmente constante! Não tem que ser bom em tudo, mas tem que ser bom nos 'nadas' que ninguém é. O essencial ainda é invisível aos olhos.
  Para se conquistar uma Vierbrunen não precisa ser bonito: precisa ter sorriso fácil. Precisa ter certeza do que fazer, e fazer sem ter certeza do que deve ser feito. Deve surpreendê-la com os acasos que a vida oferece - e que ela te faz sabedor assim, como quem nada quer -.  É torcer incondicionalmente pela minha felicidade, desde que isso implique um empate com o Flamengo. É simplesmente me amando que me conquista.
  É me ignorando quando eu merecer, e principalmente quando eu estiver perto de merecer. É me olhar indiscretamente, calando com um beijo, sabendo que aqui dentro bate amor, mas também bate desejo. É não ter medo de mim e do que eu sou. É não me forçar a ser o que se espera, e esperar que eu seja o que não se almeja. É brincar com fogo sem ter medo de se queimar, porque eu não queimo!
 Eu sou puro fogo mas me falta o ar, me falta morrer, de amor! Para ganhar-me, só basta querer morrer...
 E aceitar que eu não sou nem de longe tudo o que sempre se quis, mas que sou aquela por que você esperou desde sempre...

  "É só parar pra pensar. Escolha-me, porque eu já te escolhi..."
 

Da onde a falta me faz!

                                    Ele é só um sorriso
fácil de se ver,
fácil de se roubar,
dificil de se esquecer

É um pedaço de mal caminho
onde eu caminho,
Caminho sem direção
Parece ser sozinho
Mas nele já jaz um destino
Que me impossibilita o coração

É um conto de fadas ao avesso
onde a mocinha é o vilão
de onde sai o norte,
de onde não se vê a sorte
vagando na indecisão

É um querer bem e pra sempre
e querer assim, bem dentro de mim.
É um pra sempre que incomoda
por conta da espera que assola,
enquanto o amor, ah, só demora!

É uma certeza inconsciente,
um pedaço latente da falta que  faz
É um fio de esperança aceso, uma semente
de onde brota toda a minha falta de paz


domingo, 3 de abril de 2011

You thrill me!


 Quando eu escrevi o primeiro texto de amor a ficar eternizado no meu trabalho ou o que eu penso ser trabalho não tinha idéia de que 3 anos depois iria refutá-lo completamente em meu epicentro cerebral confuso e complicado. Uma coisa aprendi ao longo da minha abstinência sentimental...
    "Amor guardado adoece"
  Baseio-me nisso para por em terra firme o que aqui dentro pulsa e incomoda.
  Partindo desse princípio, reitero a minha nova teoria, baseada na primeira que você lê aqui

    E quando eu me achei, não poderia ter achado. O amor não é uma esfera livre de insanidade e dificuldade, e acho ser exatamente por isso que temos a predileção pelo impossível ou o que mais perto disso chegar. Eu sou livre para amar mas o amor não é, assim como você! Eu nunca imaginei que essa liberdade me faria tanta falta. Estava perdida até você me tocar, aqui dentro. Dificil respirar involuntariamente quando somente uma vontade absurda de sair de mim, morrer de amor é o que pulsa! Me trazer de volta pra realidade foi bom, mas eu não quero só isso! Quero mais. Quero você ao avesso,  nu em pelo, a rolar nos travesseiros. Quero me rasgar e me doar em dor, de prazer ou de amor, desde que seja você, desde que sejamos só nós, só um. Não quero que ninguém te toque, te deseje ou te ame. Não quero prisão mas quero um amor amável, daqueles que me capacitam sempre pra mais e mais...
   Eu sei que você não canta nas terras de cá, mas considere o meu estilo, o meu alento e o meu talento para você. Entre todas as coisas ruins que podem te acontecer ao me creditar seu amor, a pior delas será somente perder a chance de sentir o que é de fato, é amor. E em abundância!