terça-feira, 15 de setembro de 2020

O demônio do bem

 A nossa relação, a nossa doentia relação conosco e com o que consideramos parte de nós mesmos, a quantas anda? Esse demonio do bem que nos sorri de volta mesmo quando tudo em volta parece desmoronar.

Adoecemos os laços, os baços e os abraços cada vez mais escassos. A quantas anda a paz entre o que eu digo e com o que se acumula em meu figado? Nós parecemos alguém, vivemos como alguém, nos vestimos como alguém, mas estamos bem aquém do que poderíamos no tornar no além. Esse nosso alem, esse nosso mar, esse porto seguro que fingimos ser só pra não desmoronar, já deu sinais de que a ferrugem deu lugar à falência. É preciso se indispor do insalubre sabor, e entre o que dizemos e fazemos, não pode existir um abismo entre lamentos, mas consonância para que tudo não se destrua com o  simples soprar do vento. Esse momento é necessário: façamos do pouco que nos restou, a responsabilidade de acreditar que é possível segundas chances, renovação de promessas e o simples e vertiginoso direito de amar.

2 comentários:

Toninho Pires disse...

Olá....
Gostei demais do "entre o que dizemos e fazemos não pode existir um abismo entre lamentos"
De onde vc tira toda essa poesia?
Beijos

Unknown disse...

Hey tudo bem? Eu não saberia te dizer de onde vêm as inspirações, mas eu sei que toda vez que tento dar forma ao que sinto, sai um texto (algo que eu espero tirar de mim e lançar no infinito)