quinta-feira, 24 de março de 2011

O descanso de Maria Bonita


  Digamos que seja descomplicada essa matéria toda de amar e que eu tenha me apaixonado. Suponhamos que eu esteja com vontade de sentir de novo aquele frisson que só uma ligação despretensiosa pela manhã consegue implicar. Finjamos que eu acreditasse ter nascido predileta por Deus para o amor. Ignoremos a minha eterna vocação pela falta da sorte!
 Eu não sou uma baraúna! Não sou a preferida das fortalezas longínquas do tempo onde o amor era um instrumento de felicidade e não de dor. Eu me apaixonei. Saudade eu tenho dos tempos onde só o Fluminense me fazia respirar a alma assim. Medo eu tenho do tempo onde cogito vestir o manto inominável das trevas...
  Consideremos que eu saiba todo o 'know how' dessa história, e que o fim seja algo iminente. Anseiemos pelo happy end como o fim de um tsunami astral negativo.
  O que esperar afinal ? O que dizer de alguém que só pelo simples fato de existir torna meu dia algo mais prazeroso de ser vivido? Como desconsiderar que aos 10min de bola rolando meu time já se encontra perdendo de goleada, e eu, na condição de técnica, aplauda as investidas e o tento adversário? O mais incrível nessa história toda é saber e admitir que em toda essa esfera complicada existe um pedaço de mim que eu nem conhecia: um pedaço de esperança.
  É esse mesmo pedaço de esperança que torna o meu coração algo menos soturno, amargo e febril. É essa mesma vontade de amar e me jogar num abismo onde a dor da queda é menor do que a tranquila dor  de permanecer no topo, segura e cômoda. Como expurgar essa maravilha de sentimentalidade se é ela, somente ela que está a pulsar cá dentro?
  É como se eu tirasse a parte vital de um organismo e exigisse sobrevivência. É como se eu desacreditasse ser possível continuar seguindo. É como se eu extraísse a melhor parte de mim...
...QUE FICOU em você, no momento único em que eu te conheci e percebi que não és nem de longe aquilo tudo que me falta, mas que, sem dúvidas, é tudo aquilo que vai faltar em todos os outros caras iguais que eu encontro por ai e que nunca em tempo algum, me fariam cogitar a hipótese de vestir o avesso da minha paixão, a camisa do Flamengo! Jamais! Porque de todas as minhas curas, você parece ser a minha melhor doença.

 [A explicação para as fotos é a seguinte: tal qual Nelson Rodrigues, patrimônio personificado em histórias e feitos do que significa nossa paixão pelo Flu, eu jamais reconheceria que o Flamengo é importante se ele não fosse importante de alguma forma, sendo nesse caso, por alguém. Ele, vestiu a camisa por ter prometido conquistar Zico, o galinho. Eu ao contrário, não prometi, mas adoraria personificar a minha paixão com o avesso da minha]

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