quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Poesia confessional - parte 1: meu demônio do bem

 Aqui água gelada do meu lado, um corpo quente e bastante silencio, mas lá fora existe uma vontade latente de te marcar nas ruas, nos postes, quiçá a pele, mas com toda certeza, cá dentro.

Estremeço, mas não murmuro. Tenho pra mim que a qualquer momento vou te ler por inteiro, por detrás dos teus confusos muros. Sigo essa certeza, persuadindo minha cabeça para que as ilusões de outrora não me venham a memória, e a paciência, esmoreça. 

Eis que insisto, e vejo florescer novas virtudes na redoma inexorável a qual me pertenço, me basto, e é onde enfim, resido. Insisto, não por ter certeza do amanhã, mas pela vontade de ai dentro, me sentir abraçar todos os seus medos, até aqueles que de alguma forma, também compartilho. Insisto, pra te tocar num intento de alcançar bem dentro de onde o amor pode me fazer dar sentido. E a tudo que desconheço, mas ouso dizer que é onde eu existo, invento uma coragem boba de ousar esperar a matéria que não me garante certezas, mas é onde reside a paz dos meus instintos. Me importo de tal forma que esqueço da agua gelada, do silencio e das ruas e postes formando o caminho, e me aqueço com a certeza de que alguma hora o folego que poupei vai me coroar a espera com o que me aguardava no destino

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