domingo, 15 de julho de 2018

Como café de mercado



    Arrancar a casca não é necessariamente a pior coisa do mundo. A minha alma, - aquela perdida entre esse mundo e algum outro a qual ela gostaria de estar - inquieta, percebe que o brilho vai sendo perdido aos poucos, e tenta se agarrar a toda luz que lhe é intrínseca e dispensa a presença de alguém somente pra existir. Ela só, sozinha mesmo, se basta. Dividir somente se for pra somar!
      O amor que habita em mim é violento, nada passageiro, do tipo que não me espera pra acontecer. Ele passa na frente, assola, grita de frente e bate na porta. Em muitas vezes, está ali apenas à espreita, à espera do encontro fortuito, ao acaso. Amo o fato de ser quem eu sou, com toda a vertente confusa e intensa por trás disso. E pra não dizer que não falei das flores, há tanto a ser dividido nesse jardim.     Há tanto a ser curado! Por um band-aid nas pessoas feridas, nos corações passados e requentados como café de mercado, é o meu lema, meu trabalho. Ter o mundo inteiro pra salvar e um minuto pra ser flor, ainda que no cinza, é o que me faz falta! Sobra aquilo, falta isso. O amor que há em mim a ser dado não é necessariamente aquilo que por ventura falte, mas talvez transborde. Há em mim, todos os desejos do mundo, onde possa ser mais profunda num mundo tão raso, de amores protusos e efêmeros e vagos. 
  Há em mim toda a espera por cheiros novos, um olá, um sorriso aqui e acolá! Há em mim tanta musica, poesia e dor tambem - porque é o amor, também dor- que alguem não preparado pode por fim, se afogar! O pedaço mais sincero do divino no mundo me diz que tudo isso não significa um grito de socorro de alguém que não quer se salvar, mas um grito no abismo, pedindo permissão de ser nada pacífica, nem mesmo se fosse um mar...

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